terça-feira, 5 de junho de 2007

Tradições

Na última semana tive a oportunidade de conhecer a capital do Estado mais novo da federação, Palmas no Tocantins. Cidade com quase 230 mil habitantes, limpa bem planejada, bem iluminada. Uma cidade grande, mas pacata; não há muito movimento nas ruas mesmo na hora do rush e a cidade aproveita a noite para fugir do calor muito forte do dia. Há feiras noturnas onde se encontra de tudo inclusive lembranças do passado da cidade e que representam uma “tradição” local, o que é o caso dos artesanatos em capim dourado.

O que me deixou curioso foi o espírito do povo palmense, que trabalha em prol dos costumes locais e tenta colocá-los como tradição. Rapidamente lembrei-me da compilação de Eric Hobsbawn e Terence Ranger, A invenção das Tradições. Essa obra é composta de sete artigos onde se trata do tema “as tradições inventadas” em diversas partes da Europa. Hobsbawn explica a necessidade ou motivo de estudarmos esse fenômeno, e o faz (entre outras formas) dizendo que num mundo de mudanças tão rápidas é curiosa essa tentativa de retorno ao passado. No caso da cidade de Palmas tenta-se formular um passado, mesmo que muito recente, e usá-lo como substrato para o presente “tradicional” o que também é citado por Hobsbawn como uma das características das tradições inventadas.

É claro que minha intenção com essa postagem não é a de diminuir ou desmerecer a atitude do povo tocantinense, muito pelo contrário; todas as sociedades tentam valorizar o passado e por esse motivo são muito complexas. Aproximar-se de um passado recente é com certeza mais seguro e teoricamente melhor embasado do que remeter-se aos primórdios humanos em busca de respostas incertas.

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