sábado, 9 de fevereiro de 2008

A luz do mundo nos meus olhos

Sugiro a qualquer pessoa a experiência pela qual passei ontem: assisti a um parto. E quando Maria Clara chorava pela primeira vez com sua imponência de 3,155 kg, pensei em responder a ela da seguinte forma:

- O mundo ainda acha que devemos nos guiar pelas diferenças e não pelas semelhanças, Maria Clara.

- Queimamos e sujamos tudo que tocamos; fazemos isso pelo fato de acharmos que o mundo sempre durará mais do que nós.

- A vida pode ser boa, mas não vai ser fácil e nem sempre saudável.

- As razões só serão ditas posteriormente ao que foi feito de bom, aquele sentimento de revolta diante do errado vai ficar sem resposta.

- Sua mãe e seu pai, terão opiniões inversas às suas num determinado momento da sua vida, contudo nem você nem eles estarão errados. Mas no final a opinião deles é sempre a melhor escolha.

- Sua família vai te decepcionar; mas não mais que as pessoas de fora da sua casa.

- Nesse mundo, meninas como você são presas em cadeias andrógenas, faça sempre o certo.

- Nesse mundo, meninos são arrastados em carros pelas ruas de grandes cidades para a dor geral da nação. Essa dor durará uma, duas semanas ou até a próxima tragédia.

- Aqui não se perdoa incompetência; que se fosse rasgada ao meio mostraria sua verdadeira face: a da falta de oportunidades.

- Aqui é um lugar onde a terra, a religião ou um muro podem valer mais que um milhão de vidas.

- A maioria de nós que aqui estamos não crê na igualdade, apesar de pregá-la e estampa-la em camisetas.

- Aqui você pode escolher vários deuses, sendo todos, um só.

- Mas adiante descobrirá que precisa ser aceita, aí sim, sem saber, estará aderindo à plutocracia.

- As noites serão violentas e perigosas, os dias não terão todo o brilho que mostra a televisão.

- Um dia você acordará e seu pai não estará mais com você.

- Um dia irá dormir incomodada com a ausência dolorosa da sua mãe.


Acredito que isso tudo tenha deixado você triste, é muito para uma pessoa que só agora apareceu. Mas tenho certeza que você não veio aqui por acaso e saber dos problemas do mundo vai ajudar você a não ignora-los, mas enfrentá-los de frente. Mudar é uma coisa necessária, fundamental; e para isso o mundo precisa de você.



2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Natal,

Parece-me triste essa coisa de passarmos adiante nossas experiências ruins. Estragar a inocência alheia, digo.

Tassia disse...

é... acho que eu não daria boas-vindas desta forma. escolheria contar as maravilhas que encontramos por aqui. não é contribuir para a ignorância, mas enfatizar o lado bom da vida. sabe? se o jornal nacional escolhesse priorizar boas iniciativas no lugar das tragédias...

bjos, Natal!