quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Poesia

Tomo II


Pelo simples fato da verdade ser mais simples do que parece
Pela destreza com que se aponta o erro e se erra no devir
Pela justiça que se faz presente contra a febre indolente do desespero
Pela ex-dor, pelo ódio contundente, de uma mentira coerente
Pelo trabalho que me deu, com ânsia e uma gastrite agressiva
Pela salvação que agora abraço no caminho justo
Pelo amigo que me disse tudo isso antes
Por um reconhecimento em todas as direções
Pela família que tenho e não pela que nunca tive
Pelo meu desgosto frente ao considerável anteriormente
Pelo considerável anteriormente e que eu neguei a mim mesmo
Por ter negado a mim mesmo o direito de acreditar no óbvio
Por mim, nunca, nunca mais por você
Pelo que errei e tentei consertar
Pelo que tentei consertar caindo em outro erro
Pelas poesias vomitadas na agonia
Pelas noites que fiquei sem companhia
Por elas, todas elas, todas as oportunidades de mudança
Pelo nojo de mão em mão
Pelo desagrado sofrido por ser companheiro
Pelo sonho que me roubava o sono
Pelo temperamento corrosivo e honroso dispensado e dispensável
Por saber, agora, que o que se faz de bom não é nada
Por descobrir que o nada pode ser melhor do que muita coisa
Por não ter tido valor algum
Pelo valor que foi
Por esse último lamento, prólogo de uma nova vida.
Pelo que creio agora
Pela minha fé
Encerro um velho dia de desenganos
Começo uma nova era


Natal Marques

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