quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cultura do silêncio e o respeito

Um dos maiores educadores que esse país já viu, Paulo Freire, escreve sobre a cultura do silêncio. Uma forma de opressão onde quem oprime imprime no outro - o oprimido - o medo do diálogo e a idéia de complacência com a situação imposta como a mais aceitável, quando não, a única.
Em uma das minhas tertúlias matinais com um grande amigo, conversávamos sobre como a cultura do silêncio opera dentro da família; como a relação de pais e filhos ainda é distante na maioria das casas. Posteriormente, pensando no no assunto, concluí que a questão que Freire observou, em larga escala - macro - se repete em menor grau na família. É difícil saber onde começa o problema uma vez que a família é a primeira instituição da sociedade e ao mesmo tempo é por ela influenciada.
Sem diálogo, essa é a primeira definição de uma vida que tem tudo para ser sofrível. Nessa moeda há dois lados, o lado que quem cala e de quem é calado pelo silêncio do outro. No caso da família, presumo, não há a intenção de dominação malévola que há em uma relação de poder onde a opressão é uma carta na manga do opressor. O recrudescimento das relações dentro do ambiente familiar - e essa é uma opinião pessoal - está ligada a fatores sociais mais próximos, como a religião, a ignorância, a insensibilidade enfim o modus vivendi de sua época.
Pais de vanguarda - e isso para mim fez toda a diferença - não garantem o respeito ao ser humano que está se desenvolvendo. No fim, a palavra que está em foco é uma só, já citada: respeito. A relação pai e filho não é mais estratificada, isso é fato; o respeito a planifica na medida do possível dentro de seus limites.
Observo relações familiares complicadas e vejo o quanto fui e sou respeitado pelas duas pessoas que me acolheram nesse mundo. Só tenho a agradecer e devolver o respeito. Vivendo na época que vivo e me relacionando como me relaciono com meus pais muitas coisas me causam espanto. Lamento por muitos filhos encarcerados e pais que não se libertaram da prisão pessoal de suas angústias.

1 comentários:

Carlos Leen Santiago disse...

caro Natal:
Estou reativando meu blog para fins de debate ambiental. Se possivel gostaria de lehe pedir que linkasse o mesmo aqui neste seu já consolidado espaço virtual (eu mesmo sempre leio)
www.carlosleen.blogspot.com