terça-feira, 27 de abril de 2010

Duas visões de uma terça a noite



"Peixe; eu não bebo, não fumo e não cheiro. Meu negócio é mulher!"
Romário, o baixinho do tetra.



Sair de casa em uma terça-feira, para a balada, é coisa de desocupado.  Para quem não vai trabalhar na quarta é, ainda, coisa de desocupado, mas é escusável, vá lá. 
Meu companheiro, meu irmão, sem tempo ruim para a farra, foi comigo. Lá pelas tantas - cervejas - avisto Johny Boy rodeado de dá pro gasto. Conversa vai, conversa vem:
- Cara, tu leu "O vazio" do Luís?
- Bicho, do caralho! Meio morno mas, o desgraçado faz um final que te deixa pasmo e sem jeito!
- Bom demais o cara. Cronista é cronista!
- É!
...
- Ei, olha lá o Marcelinho Carioca! Vou falar com ele!

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Quem bebe sabe, quem não bebe imagina e lambe os lábios:

- Vem cá, eu te conheço de algum movimento social?

Que frase infeliz... Mas, ridendo dicere verum, Johny Boy. E se tu foi ouvir MPB, tu sabe que eu não sou obrigado a lamber a lajota do ensino fundamental de novo. Certas coisas a gente faz contudo, sou seu amigo mas sou mais amigo da verdade. Bonita ela.

Aí tu sumiu! Chumbo no rio, quando heim? Só cachaça mesmo, farra e nenhum beijo na boca - entre nós, é claro!

Aí vem o Stênio, aí veio o noivado. E o preto aqui vai ficar quieto por uns dias. Até a gente se encontrar aí sem combinar. Para gritar política um no ouvido do outro com aquela infelicidade sertaneja dos infernos que não deixa ninguem ouvir nada.

Só para constar Johny Boy, o que eu comemorava aquele dia, morreu meu filho. Ficou na  praia da indiferença, na ilha do nada a ver em pleno mar do entendo agora. Mas só por aquela noite, uma terça que começou e terminou em pizza, valeu; valeu pela teoria clássica do morrendo e aprendendo. Me faltava uma terça-feira dessas para decidir, ir além e ouvir: "Eu te amo e sou eu que vou cuidar de você; te tirar desse buraco..."!


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