segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sombras (Sobras)

Lembrei de um tempo que eu era sombra
E das eras que passei
E dos sussuros pelos muros

Quando te perseguia até no sono
Quando eu queria ser seu dono
Espectro como eu, não sou dono nem meu

Quando se vive por alguém
Não se morre por si
Só por ela e, ainda, uma vez é pouco

Quando eu morria todo dia
Quando a escuridão me caía
Aí é que vivia, a esperar morto,
Como sombra do que fui, sua sombra

Pelos muros, parques
Copas das árvores, sinais
Postes, hostes celestiais
Entenda, coisa assim não vê a sombra da morte

Lembrei, na morte de hoje
Que dois são dois
Um só não vive
Sem a sombra, que é o outro, que sou eu.



João da Luz

(Fevereiro, 2007)

0 comentários: