quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Pará Western

Charles nunca será visto em Ananindeua
John Danilovich, esse senhor de nome norte europeu é ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil e a mais nova vítima do Wikileaks. Johnny boy citou em relatórios feitos entre 2004 e 2006, quando do assassinato da missionária Dorothy Stang, que o Estado do Pará no norte do varonil se parece com o velho oeste americano; uma terra sem leis, isolado e pouco povoado. Foi lá, no Pará, que a simpática velhinha levou seis tiros apenas por aparecer em meio a casos de grilagem de terras como denunciante.
Claudia nunca ouviu falar em Calypso
Ora, todos sabemos que o que o embaixador fala tem muito de verdade e verdade maior ainda é que não acontece somente no Pará; aqui no Maranhão é comum o quadro pintado pelo diplomata; morrem padres, índios, policiais e até criancinhas de colo. O agravante do Pará é que ele avança na selva, as estradas são uma lástima e a madeira ainda é a principal riqueza dos pobres, pois a riqueza de verdade vem da mineração, entretanto, a corrida do ouro foi contida e todos os corredores foram superados pelo trem da Vale.
No Parázão de açúcar não tem Charles Broson tocando gaita, nem bonitão matador sem causa como Henry Fonda, no máximo teremos uma ou duas Claudias Cardinale com seios belos e fartos a saltar para fora da blusa enquanto quebra um tecnobrega - o que não suprirá a ausência de um bandido romântico e bruto ao mesmo tempo interpretado pelo saudoso Jason Robards. Ou seja, no Pará de meu deus não existem americanos, não se importam bandidos, apenas corifeus da igreja para morrer pelas mãos dos nossos "Manéus" e "Jãos". Não deu para entender que o Pará não é lugar para vocês? Para morrer no Pará é necessário - conditio sine qua non - que se esteja lá.
Obrigado, mas em questões de vida ou morte é melhor que se mate e se morra brasileiros no Brasil. Dorothy virará santa e será mais lembrada que os mortos pela polícia em Carajás. Dorothy morreu por esporte - e me crucifiquem por isso - no Pará do velho oeste o esporte mais praticado é o tiro.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O que você fez em dez anos?

Alguém aí lembra da virada do milênio e o medo do fim do mundo? Alguém aí recorda o "Bug" pela virada das datas dos computadores? Lembra de todos os seus amigos do ensino fundamental?
Agora, já mais perto dos trinta isso parece remoto para mim. E foi só a dez anos. Dá pra contar nos dedos das mãos. Há dez anos eu terminava meu primeiro ano do ensino médio - alguém me explica como funciona o ensino médio agora? - e era uma fonte de expectativas sem perspectivas. Menino, pobre, feio, burro e morando longe; ainda não venci, contudo, as coisas tem melhorado.
Já falei sobre a divisão de tempo, uma hora, um dia, um ano, uma década, um século e se caminha dessa forma: devagar mas, sempre. O tempo passa e a conceituação de um lapso de dez anos é mais doída. A casa dos vinte é mais clara, você se reconhece quando olha para trás, pode ver o que acumulou de amizades - seu patrimônio social -, bens, grana, decepções.
Uma década! Caramba cara! E o Marcos casou teve filho, Ronaldo a mesma coisa, Flávio só casou, eu também e uma vez a mais.
Já não corro mais como corria, nem tenho a mesma disposição depois de alguns anos de trabalho não se chega em casa como um garoto. Não sou mais tão criança assim, pelo menos não fisicamente.
Concluo, é chegada a hora da prole, meu tempo já passou. Meu tempo sem ser pai.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A vida e o futebol




Não é fácil de explicar e nem poderia. Futebol é coisa que nasce com a gente, que comove, que alegra e entristece. Para muitos, o esporte é o que sobra, o que resta de uma vida difícil de trabalho, de convivências monótonas e situações incômodas. 
É na pelada do final de semana que tentamos nos redimir das lamentações das frustrações e desgraças pessoais. 
O grito da hora do gol é o choro do recém-nascido. O esporte promove crescimento pessoal. O futebol se confunde em tudo com o povo, os trejeitos de uma nação, a forma de ser, pensar e falar de toda a gente, o crescimento do esporte espelha o desenvolvimento do país.
Ontem, vinte e seis anos depois, o Brasil tem, novamente, no topo dos clubes da primeira divisão do futebol o Fluminense Football Club, os vivos viram, os cegos da pior classe podem contestar, contudo, o melhor está de pé e acima dos outros.
Minha mãe já não entendia, minha mulher não entende - tolera - mas, é o que temos para entreter de forma saudável, famílias, jovens e todo um país. 
No próximo final de semana eu estarei lá, na pelada, tentando ser uma pessoa melhor, calçando chuteiras, vestindo meiões e com o coração a mil, correndo, vibrando, interagindo e, quem sabe, tentando renascer de um gol.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Só com poesia é que se passa...


Esta Tarde
(Os Paralamas do Sucesso)


Alguma invenção

Que faça o tempo parar esta tarde

Quando se for o sol

Que a luz desse dia nunca acabe

 
Esteja sempre perto, sempre longe dos covardes

O errado e o certo, pra ter raiva e ter piedade

 
Arcos de toda cor vão escrever teu nome

Na paisagem

Te levo pela mão

E o viajar já é mais que a viagem

 
Esteja sempre perto

Sempre longe dos covardes