sexta-feira, 30 de julho de 2010

Vermelho

Vermelho
(Vanessa da Mata)


Gostar de ver você sorrir
Gastar das horas pra te ver dormir
Enquanto o mundo roda em vão
Eu tomo o tempo
O velho gasta solidão
Em meio aos pombos na Praça da Sé
O pôr do Sol invade o chão do apartamento


Vermelhos são seus beijos
Que meigos são seus olhos
Ver que tudo pode retroceder
Que aquele velho pode ser eu
No fundo da alma há solidão
E um frio que suplica um aconchego


Vermelhos são seus beijos
Quase que me queimam
Que meigo são seus olhos
Lânguida face
Seus beijos são vermelhos
Quase que me queimam
Que meigos são seus olhos
Lânguida face



Ver que tudo pode retroceder
Que aquele velho pode ser eu
No fundo da alma há solidão
E um frio que suplica um aconchego



Vermelhos são seus beijos
Quase que me queimam
Que meigos são seus olhos
Lânguida face
Seus beijos são vermelhos
Quase que me queimam
Que meigos são seus olhos
Lânguida face


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Reforma e construção pessoal

Já pensei em publicar um manual de vida de solteiro. Coisas que faço bem como: cozinhar e lavar louça. O restante do trabalho de casa, limpar, varrer e coisas do tipo, eu corro para bem distante, confesso. Daí o manual ia sair com duas páginas: uma de comida rápida e outra com uma marca de detergente.
No fim, quem sabe é quem vive. E viver sozinho não é fácil.
Quando você encara uma reforma então, a coisa piora. Meu pai - que para mim já era um santo, a coisa mais próxima de deus que conheço - me ajuda de uma forma que não vou conseguir retribuir nunca, pura e simplesmente pelo fato de não ter como medir o que ele faz. Cuida de tudo, mas ainda fica a minha parte por fazer, o meu toque afinal, é a minha casa.
Mãe é a pessoa que dispensa palavras. Tenho sorte de ter algumas espalhadas pelo mundo. A que me carregou no ventre já superou aquela coisa de parecer com deidade, sempre será mais que isso. Mãe é mãe, é uma palavra que não cabe na boca de quem fala, muito menos nos ouvidos de quem escuta e estoura o coração de quem sente. Quem me liga, me pergunta da alergia, me cobra se tirei a roupa do varal e diz que vai lá para ajudar a arrumar tudo depois da reforma.
Nos dois parágrafos anteriores descrevi como me tratam as duas pessoas que um dia sonharam comigo, que me esperaram, que tiveram paciência de me limpar, dar banho e cuidar dos meus joelhos machucados...
Hoje quando preparo a minha casa pensando na minha família, numa outra fase, nos meus filhos, um monte de coisas vem a minha cabeça. De como o tempo passa rápido para quem tem pressa; que cor vai ser o quarto do bebê, se menino ou menina se no ano que vem ou depois da faculdade.
Família, me ensinaram a ser assim...


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Em construção

Gostaria de avisar aos três leitores do Blog que estou passando por reformas na minha casa o que me impede de postar com frequência. Logo que terminar tentarei atualizar convidando todos os três para a festa da casa nova.

P.S. Como todos sabem, construir gasta muito. Quem tiver um bom coração e um saco de cimento sobrando basta me mandar um email.

Abraços

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cinema no Teatro - É Hoje!

Hoje às 19h no Teatro Ferreira Gullar!

Antes do Anoitecer

titulo original: (Before Night Falls)
lançamento: 2000 (EUA)
direção: Julian Schnabel
atores: Javier Bardem , Olivier Martinez , Andrea Di Stefano , Johnny Depp , Sean Penn
duração: 125 min
gênero: Drama


Vá! Participe!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O livro de Eli

Denzel Washington é um ator das massas, pelo menos aqui no Brasil. Sempre rouba a cena, por isso, talvez, seu melhor filme não seja o Livro de Eli (The Book of Eli - EUA; 2010) contudo, o potencial de discussão sobre o livro é enorme e Denzel nunca passou nem perto disso em seus filmes anteriores. Apocalíptica, surreal e surpreendente, todos esses adjetivos cabem para a película.

Mundo de pós guerra, atmosfera já vista antes em Mad Max, comida água e paz são racionadas; líderes violentos, cães de guarda... tudo isso garante a ação do filme. Um homem aparentemente comum, um andarilho com uma missão que ocupa sua vida há trinta anos. Eli. Em meio ao colapso a humanidade culpa a informação pela guerra. Livros são queimados e crer-se que a religiosidade foi a causa de tudo.

Eli anda rumo ao Oeste e encontra com Solara, pessoa necessária para concluir sua missão. Escrava, seu senhor tem a visão do domínio sobre as pessoas, o domínio que a religião - aqui a religião cristã - tem sobre o ser humano; busca sem cessar por uma bíblia;  a qual, o último exemplar está com Eli. 

O líder violento, senhor de Solara, consegue seu intento. Mas não consegue ler o Livro Santo. Apenas quem não consegue ler tem o dom da leitura da Bíblia. Eli cumpre sua missão, devolve o livro para a humanidade. Eli era o livro. 

Falar abertamente sobre religião não é para qualquer pessoa. Pouquíssimos conseguem se desligar da religião para ouvir uma opinião contrária, creio que uma guerra de proporções catastróficas como a do filme tenha sido causada por esse tipo de conduta. O filme vale muito a pena mas, para a reflexão, se é para ver Denzel em ação faça a locação de Nova Iorque Cidade Sitiada.

No fim, o bem vence, o que é normal. Mas, vivendo o filme, acredita-se que religião tenha que ser tratada de uma forma diferente, com mais valores e menos violência envolvida.

Campanha morro abaixo Like a Rolling Stone



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dor

SER


O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste
contudo chamava-te

como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.





(Carlos Drummond de Andrade) 




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Tristeza é uma coisa difícil de escamotear...



terça-feira, 6 de julho de 2010

Vinte e cinco anos de solidão com putas

No livro Memórias de Minhas Putas Tristes, Gabriel Garcia Marquez, começa a narrativa com a locução: "Do alto dos meus noventa anos" - ou algo parecido, já que uma das minhas - chicas tristes - levou o livro e estou sem a referência, enfim, é isso ou algo que o valha - para narrar um amor que seria esdrúxulo se não fosse amor, esse "ser" sem precendentes ou sem compreensão. 

Quem teve acesso a obra de Marquez o viu em desespero em Cem Anos de Solidão. Uma vida onde amores vem e vão, uma onda de romance, tragédia, morte, euforia, religião, sobrenaturalismo, política, vaidade e muitas outras desgraças humanas dentro de Macondo. 

Marquez, não é meu sobrenome mas, passa perto. Passei por uma chuva macondiana de cinco anos - onde parei no tempo esperando a chuva passar, deixando para resolver tudo quando o céu estivesse limpo e as vidas um pouco menos aquosas. Não matei nem morri; felizmente. Mas a beleza um dia foi estender um lençol no quintal e voou da minha casa para sempre. Recluso que era, o mal desatou a corda que no arrojo me sufocava. 
 
Meu parente famoso adora a solidão, viveu uma de cem anos. Vivi uma de vinte e cinco. Um quarto do tempo onde ocorreram revoluções, liberdades e reclusões de puro sentimento. Hoje a vida desemboca em mim mais uma vez. Meus filhos que estão pelo mundo - o mundo da minha consciência - voltarão para mim, mas não depois da minha partida. 

Do alto dos meus vinte e cinco anos, as minhas memórias - não as memórias de minhas putas - talvez sejam felizes. Mas, o que me garante que a tragédia de macondo não vai acontecer na minha vida? Uma coisa somente: meu sobrenome é Marques e não Buendía.